Ontem à noite fui ver o Fabrício Carpinejar no projeto escritores Brasileiros do CCBB. O projeto é aquele mesmo em que fui ver a Martha Medeiros no ano passado. Basicamente, é um projeto que estimula a leitura por meio de palestras em que um ator convidado interpreta trechos de textos de um grande escritor da literatura brasileira da atualidade. Ontem, a Bidô Galvão, atriz brasiliense, foi quem interpretou os escritos do Carpinejar.
O Carpinejar é um gaúcho que já tem 16 livros, é colunista do Jornal Zero Hora, e cronista de mão cheia que vive tendo seus textos publicados por aí no site Vida Breve, n’O Globo e nas revistas VIP, Cláudia e Bravo!, entre outras. Ah, ele também é professor universitário. E segundo minha irmã, que me acompanhou ontem, ele é uma mistura de Quico – aquele do Chaves – com o Thunderbird – aquele ex-vj da MTV.
Ainda que tenha todo esse mercado de publicações, é notório que Fabrício Carpi Nejar (que é o real nome dele), ganhou força, corpo e MAIS nome depois de criar sua conta no Twitter, onde tem mais de 100 mil seguidores e foi considerado, recentemente, uma das personalidades mais influentes da internet, segundo a Revista Época. Seu blog tem mais de 1 milhão e meio de visitas.
Por isso, do encontro de ontem trago “tweets” de Carpinejar. Frases, em até 140 caracteres, ditas dentro de todo o contexto do bate-papo, mas que serviriam muito bem para serem postadas soltas no microblog:
“Fazemos uma gincana da dor. Um tem sempre que sofrer mais que o outro pra ver quem ganha.”
“Escrevo pelo sofrimento rápido.”
“Fazemos muita solenidade para sofrer. Guardamos o choro para a noite.”
“Se chorarmos no momento em que temos que chorar o sofrimento passa mais rápido.”
“A grande dominação dos relacionamentos começa com quem arruma e guarda a roupa. Faço isso com prazer.”
“Discutir relação é bom. É uma forma de testar seus medos.”
“Você só briga com quem ama. Porque sabe que ela vai te perdoar.”
“A grande jogada é dar tempo para o outro. Perder tempo com o outro. Tempo é ternura.”
“A paixão é prisão de ventre. Tu não podes cagar. Imagina se o outro sabe que tu cagas. Acaba o relacionamento.”
“O amor começa na hora em que você diz: eu cago, desculpa. E o outro te aceita mesmo assim.”
“Mulher adora ser crise. O que ela não gosta é de enlouquecer sozinha.”
“A longevidade de um relacionamento amoroso vem da voz. A voz é tua memória. A voz não envelhece.”
“Ninguém está preparado para se emocionar.”
“Literatura é se assumir, se aceitar. Ser sincero é o mais importante ao escrever.”
“A gente se cansa olhando uma beleza, mas nunca se cansa olhando uma verdade.”
“A gente não sente saudade do outro. A gente sente saudade da gente com o outro. Do que somos com o outro.”
“A gente perde muito tempo inventando desculpas ao invés de ir aos encontros.”
“A gente vai amar não apenas quando sentir saudade, mas quando sentir nostalgia. E tem que sentir nostalgia com a pessoa ao teu lado.”
Depois da fala e da leitura dos textos o público pode fazer perguntas. Eu perguntei a ele sobre a relação dele com as redes sociais que trouxeram tanta notoriedade a ele. Ele brincou, fez piada comigo, me deu “oi” quatro vezes ( porque só o quarto “oi” é sincero, segundo ele). Disse que o twitter trouxe mais reconhecimento e que ele já tinha 14 livros quando abriu sua conta. Mas não me respondeu.
Na hora de autografar meu livro, brinquei dizendo que ele enrolou e não me deu resposta:
- É, a gente tem técnicas pra fugir de algumas coisas.
- Tá certo, faz parte do trabalho. Mas então você tem 140 caracteres para autografar meu livro.
“Para Paulo, amigo, essa brevidade de quem nunca assobiou. Beijo, Carpinejar. Brasília, 14/06/11.”
Obrigado, amigo. Você caga e eu te amo mesmo assim.