quarta-feira, 5 de junho de 2013

Me levando pra passear

Eu não vou fingir modéstia. Eu me acho um cara muito bacana e adoro a minha companhia. Por isso, não tenho o menor pudor em, vez em quando, me levar pra sair. Meus programas favoritos comigo mesmo são cinema e restaurantes.

Meu aniversário passou há pouco. Na véspera me levei para almoçar num dos meus restaurantes favoritos. Como um presente pra mim mesmo. Só eu, a mesa, a comida e meus pensamentos. E foi ótimo.

Ontem à noite, me levei ao cinema mais uma vez. Foi ótimo também. Eu, minha pipoca, o filme e meus pensamentos.

Mas chega a ser engraçado como as pessoas não estão preparadas/acostumadas/dispostas a encarar isso de forma natural. Enquanto você está do lado de fora esperando pela hora, comprando pipoca, na fila pra entrar, tudo bem. Porque as pessoas te imaginam como alguém que está esperando por alguém. Mas aí a fila andou e as duas senhoras à minha frente já começaram a olhar com aquela cara de "tadinho".

Entra na sala, escolhe o lugar, senta. "Não. Não tem ninguém aqui", eu disse a um casal que intencionava sentar ao meu lado. Eles sentaram. As tias da fila sentaram à frente e ainda deram umas duas olhadas pra trás. Pra certificar se eu tava sozinho mesmo.

Eu estava bem no centro de uma fileira. Ao lado esquerdo o casal. O direito tinha dois lugares vagos até chegar em outra pessoa. Outro casal veio. "Ali, linda!" "Ali, não. Já tem o rapaz e alguém do lado dele."
"Tem ninguém aqui não", repeti. "Ah, não, vamos ali pra cima. Obrigado."

Ok.

Aí veio o diálogo com o cara do meu lado (e as duas tias da frente se viraram pra observar)
Ele: Você tá sozinho?
Eu: Tô!
Nossa, que coragem.
Pois é. Você acha?
Eu não teria coragem de vir sozinho pro cinema.
Por que não?
Ah, sei lá. Qual a graça de vir só?
Escolhi o filme que eu queria. No horário que eu queria. (e aqui ele começou a rir, olhando pra namorada, enquanto ela fazia cara de "tá vendo?") Comprei o que eu quis pra comer. Sentei onde eu quis. Se eu não achar bom, vou embora. E eu sou muito legal, minha companhia é ótima!
É... eu não queria ver esse filme não. Só vim por causa dela.
Então, se vocês tivessem coragem, ela vinha sozinha.
ELA: Mas eu tenho. Ele que não deixa.
Eu: Bom, aí eu não vou me meter no relacionamento de vocês, né? Mas que é legal vir sozinho, é.

E, ainda bem, já tinham começado os trailers, eu olhei pra frente e não falei mais nada. Espero só não ter causado uma crise no relacionamento dos outros.

No fim do filme, já saindo da sala, uma das tias da fila vira pra mim e diz: "Bonito isso, viu? Mostra que você gosta de você mesmo. Parabéns!"

Eu dei uma risada pra ela e disse: Alguém tem que gostar, né?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O problema de apostar no “menos pior”*

Porque a verdade é mesmo esta. Em 2010, fomos às urnas sem certeza alguma. Aliás, com uma certeza apenas: era preciso fazer uma limpa na corja que vinha dominando o governo local há uns 12 anos. Mas limpa com quê? Qual o produto utilizado pra remover essa sujeira, essas manchas, esse encardimento que tomava conta da administração pública do Distrito Federal?

As opções que tínhamos, sejamos sinceros, eram escassas, de pouca ou nenhuma experiência e muita, muita mesmo, desconfiança. Alianças esdrúxulas, parcerias escusas, candidatos fantoches. O que poderíamos fazer naquela situação?

Confesso eu, e aqui é meu mea culpa, que a única hipótese que me veio à cabeça foi o voto no “menos pior”. E assim votei no primeiro turno. No segundo, dois candidatos (e aliados) que não contavam com minha simpatia. E faz o quê, te pergunto? Não vota? Anula? Branqueia? Eram opções, mas confesso que amarelei.

Com medo do mal maior, fui na opção do mal menor, que se tornou vencedor e hoje é grande mal. Não que eu ache que a outra opção seria boa, faria algo diferente. Não mesmo. Até penso que meu voto em segundo turno foi na base do “tudo, menos isso”. Mas olha, que “tudo” medonho.

Até a velha ladainha do “rouba, mas faz” vem se avizinhado na minha cabeça ao lembrar dos antigos governantes desta cinquentenária cidade. Aquele sentimento de que outros poderiam estar ali, roubando, errado e se atrapalhando, ou qualquer outro tipo de acusação que se faça ao atual comandante dessa Brasília, mas que me parece que ainda assim – olhem que absurdo – seria melhor.

Que tipos de truque a nossa mente nos prega, não? Espero apenas que o que se viu até agora do grande GDF seja apenas mais um deles e que daqui a pouco tudo se ajeite, tudo se normalize e que passemos a viver numa cidade mais próxima do que desejamos.

E que em 2014 os que estão aí percebam que não dão conta e abram espaço para novidades que apareçam para realmente mudar e traçar novos caminhos. Estou cansado do menos pior.

*Texto originalmente publicado na Revista MeiaUm

sexta-feira, 30 de março de 2012

Eu e o elevador

É engraçado como algumas coisas vão acontecendo e, de repente, você percebe que elas dizem respeito à mesma coisa. E todas elas te irritam. MUITO!

Essa semana eu me dei conta de uma dessas coisas que me irritam muito. É o elevador. Sério. Elevador me irrita muito. Adoro a máquina. É uma ferramenta utilíssima. O problema (como sempre) são as pessoas.

Então, tentemos colocar alguns pontos:

1 - Cheiros: amizades, o elevador é pequenino. É uma caixinha fechada. Qualquer cheiro ali dentro vai dominar todo o ar e irritar as pessoas (pelo menos a mim). Então, numa boa, não apague o seu cigarro e entre logo em seguida no elevador. É a mesma coisa de você colocar uma chaminé lá dentro.
Também me faça o favor de não passar a porra do seu perfume dentro do carro e entre em seguida no elevador achando que todo o mundo adora a sua "loção". Não, nós não adoramos. E ainda que adoremos, uma coisa é sentir o cheiro, outra é ficar fechado num ambiente em que só se sente isso. Principalmente às oito da manhã.
Mas a crítica ao perfume não quer dizer que tá tudo bem se você entrar no elevador com cecê. Aliás, cecê é inconcebível para qualquer situação, então acho que nem preciso me alongar mais neste assunto. Estamos entendidos?

2 - Aprenda a usar o elevador: queridões, se vocês estão no terceiro andar (3), o elevador está no -2, e você quer descer ao térreo (0), aperte o botão de DESCER! O botão para chamar o elevador indica qual ação você quer fazer dentro dele e não qual ação você quer que ele faça. Não é pra apertar o botão pra subir, como se você estivesse chamando o elevador. Ok? Se precisar, me avisa que eu faço um desenho.

3 - Dê passagem: lindos desse Brasil, você chamou o elevador direitinho como eu ensinei aí em cima? Parabéns! Mas agora, quando ele chegar, tenha calma. Espere a porta abrir completamente, veja, primeiro, se não há ninguém querendo sair. Se houver, deixe a pessoa sair, depois você entra. Lembra das aulas de física? Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço e tal... Pois é. Se você quer entrar - principalmente em um elevador cheio - é preciso que alguém saia. Então espere o passageiro sair e entre. Não vai ficar feito um louco entrando no elevador, apertando todo mundo e dificultando a saída dos outros. Tá bom?

4 - Libere o painel: gentes boas, olha que momento lindo. O elevador chegou e tá vazio. Todo mundo ali esperando e você é o primeirão a entrar. Aí você entra, aperta seu andar e fode com todo o resto do pessoal porque virou de costas e colocou a porra da sua bunda bem na reta do painel. Aí todo mundo que entra tem que ficar passando a mão por detrás de você pra poder selecionar o andar de destino. Então, a não ser que você seja muito carente e precise desse contato com outras pessoas, escolha um outro local para se posicionar dentro da caixinha e deixe o painel livre para os próximos que entram. Combinado?

5 - Use a escada: chefias, se vocês trabalham no 1º andar, POR FAVOR, vão de escada. Ninguém morre subindo um lance de degraus. E, assim, vocês também evitam que os outros passageiros do elevador fiquem imaginando como seria prazeroso te ver cair no fosso do elevador a cada vez que você entra e aperta o botão para subir um mísero andar. Aliás, siga a regrinha de ouro: vai subir um ou descer dois andares? Use a escada. Faz bem pro seu coração. De acordo?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Das coisas admiráveis*


Façamos um contraponto ao que disse o Morillo Carvalho na última edição desta MeiaUm: o que todo mundo diz é que nunca aproveitamos as belezas da nossa cidade: quem mora na praia raramente põe o pé na areia. Os cariocas não vão ao Corcovado. Os belo-horizontinos não admiram a Pampulha. Aqui em Brasília, a nossa ausência de admiração é para com a Esplanada, a Praça dos Três Poderes, o lago, a Ermida, a vista da Torre de TV.

Mas há uma coisa que acontece na cidade que não tem como passar em branco. Quer dizer, passa em branco, sim, mas só mais para o final do ano. Antes disso, passa em rosa e roxo e depois passa em amarelo. É admirável. É lindo. É vivo. É natural. Começou em julho e, a cada dia, vai nos surpreendendo pela cidade: a floração dos ipês.

Você pode andar diariamente pela Esplanada dos Ministérios e não mais se encantar com a suntuosidade arquitetônica dos palácios e do Congresso Nacional. Você pode pegar seu ônibus na plataforma superior da rodoviária e ignorar solenemente a vista, o Teatro Nacional e o movimento das pessoas. Mas ninguém passa incólume ao colorido dos ipês. 

Acho até que Renato Russo pensou, inicialmente, em falar dos coloridos dos ipês em vez de “luzes de Natal” na letra de faroeste Caboclo. Mas acho que não ia rimar e ele deve ter desistido. O fato é que a festa da paleta de cores da natureza é pura atração para os olhos. É alegria para a íris e música para a retina. As cores vivas se sobrepõem ao marrom da poeira do cerrado.

Tenho certeza que você já viu algum ipê rosado florido por esses dias. Ou um amarelo. Ao longo do Eixão eles já começam a tomar conta da paisagem. Se não viu, saia e vá ler esta revista lá fora, na sombra de uma árvore. E aproveite para colorir sua vida.

*Texto originalmente publicado na Revista MeiaUm

sábado, 10 de setembro de 2011

Meu vício, meu problema

Estou cansada de juntar teus pedaços pra ver se te tenho por inteiro. Tua força em não se envolver demais pra não se entregar já me trouxe ao limite. E o pior de tudo é que não sei o que fazer. Cada vez que penso em te deixar metade de mim me pede que não. A outra nem sequer cogita a hipótese. Leia o resto aqui.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Rapidinhas

1 - Junte a seca de Brasília, com o calor de Brasília e o ar-condicionado do trabalho. O resultado? Uma otite. E dez dias de antibiótico.

2 - Vou emagrecer 10 kg. Aguardem e confiem.

3 - Continuo cozinhando. Confiram: http://vimviecomi.blogspot.com
(agora vou cozinhar coisas mais leves pra perder peso...)

4 - Continuo escrevendo. Confiram: http://algunsmomentos.blogspot.com

5 - Estive recentemente em Japaratinga (AL). O lugar é lindo. Recomendo a todos.

6 - Com a seca que tá aqui (vide nº1) eu tneho bebido cerca de 1,5L por turno (manhã e tarde) de trabalho. O legal é que quando vai chegando 11h30 e 17h30 parece que toda a água que eu bebi durante a manhã/tarde resolve sair de uma vez. Aí é um tal de ir ao banheiro de 5 em 5 minutos que até cansa.

7 - Beijo, me tuita: @plmesquita


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ainda somos os mesmos?

Hoje passou a seguinte reportagem no Jornal Hoje: Férias escolares podem deixar adolescentes entediados

A reportagem foi feita com jovens aqui de Brasília e me fez pensar em como eu me comportava quando estava nessa idade. E olha, não me lembro de ficar entediado como disseram os meninos aí na reportagem. Na minha época a gente descia e fazia de tudo. Eu joguei muito futebol, bete e queimada, fiz trilha em parque, bati bafo, fiz fogueira e churrasco no mato, soltei pipa, paquerei as gatinhas da quadra, taquei ovo podre em ônibus, entre outras muitas coisas.

E aí eu me pergunto: essa molecada aí tá entediada por quê? Porque ficam em casa só de olho nos games, orkuts, facebooks e twitters. Porque seu modo de encontro é basicamente virtual. Porque para saber se o colega está em casa é mais fácil vê-lo online no MSN do que descer e ir assobiar em sua janela (que era o que fazíamos). Assim, trancado em casa, limitado ao que o computador e a tecnologia podem nos oferecer eu também morreria de tédio.

E qual a solução? Na matéria, a repórter vai procurar explicação até na ciência neurológica que dia que a molecada nessa idade tem mesmo maior tendência para o tédio. Pra mim a solução é só uma: rua! Bota essa meninada para interagir debaixo dos blocos, nas quadras de esporte (que, pelo menos no Plano Piloto, existem aos montes), nos parques, nos shoppings. Interação! Saiam às ruas e procurem o que fazer. Não falta programa por aí.

Do jeito que está hoje o texto do Paulo Rebêlo faz todo sentido para mim. São essas crianças aí da reportagem que ele não vê por aqui. Mas, afirmo por experiência própria, um dia elas existiram. Aliás, eu ainda existo! Eu contino o mesmo. Pena qua criançada mudou...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Brasília de interior*


Dia desses, cozinhando, me deparei com minha frigideira preferida sem cabo. Na hora me veio à lembrança aquele velho que passava pela quadra empurrando um carrinho (e anos depois dirigindo uma Kombi velha) e gritando: “Conserta panela, amola faca, facão, alicate!”

Por onde anda esse cara? Há anos não ouço esse grito. Nem o tio do quebra-queixo - aquela iguaria de coco - que passava balançando o sininho e, em plenos pulmões, gritava: “Quebra-queeeiixooooooooo!" E eu enlouquecia pedindo dinheiro à minha mãe a tempo de descer e alcançá-lo antes que sumisse. Bateu uma saudade de quando Brasília era uma cidade do interior.

Sumiu também o vendedor de alho que passava a tarde gritando: “Vai passando o aaaalhoooooo!” E a molecada, brincando debaixo dos blocos, respondia: “Troco pela cabeça do meu *ar@lhooooo!” Lá de longe ele nos envergava o dedo médio e todos riam.

O caminhão de gás ainda passa, mas não grita mais, nem toca interfone. Eles entraram em acordo com a prefeitura para evitar o distúrbio aos moradores. Agora, quem quer gás avisa ao porteiro e ele se encarrega de avisar aos vendedores. Tudo muito discreto e sem gritos.

Cadê essa Brasília interiorana? Foi substituída pela capital dos mais de um milhão de carros. Foi trocada pela cidade violenta, onde a molecada não brinca mais nos pilotis dos prédios das entrequadras do plano. Hoje, restou apenas o carro da pamonha que toca música gospel entre um anúncio e outro de “pamonha de sal com queijo, de doce com queijo, com queijo e linguiça...” Bateu saudades da minha infância. Tudo por conta de um ovo mexido.

*texto originalmente publicado na edição nº 4 da Revista Meia Um

terça-feira, 28 de junho de 2011

Algumas ideias

1 - Eu continuo cozinhando e gostaria mesmo de saber o que você tá achando disso. Vai lá ver e me conta: http://vimviecomi.blogspot.com

2 - Já acabou junho. E você aí achando que 2011 seria um ano arrastado.

3 - Viu o novo filme do Woody Allen? Chama-se Meia Noite em Paris. É muito legal e nos faz pensar. Era mesmo tão melhor assim o passado? Eram mesmo eras de ouro e o que vivemos hoje não vale de nada?

4 - Eu ando escrevendo cada vez mais. O Alguns Momentos tem tido atualizações semanais. Vocês têm visto? E o que estão achando?

5 - Também ando lendo muito. Livros, revistas. Uma coisa muito bacana que surgiu nos últimos tempos e tem me agradado mais a cada mês é a Revista Alfa. Já comprei todas as edições. São muito bacanas mesmo. Foge um pouco da tradicional revista masculina que tem mulher pelada/seminua. E é inteligente. Muito inteligente!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carpinejar em (muito mais que) 140 caracteres*


Ontem à noite fui ver o Fabrício Carpinejar no projeto escritores Brasileiros do CCBB. O projeto é aquele mesmo em que fui ver a Martha Medeiros no ano passado. Basicamente, é um projeto que estimula a leitura por meio de palestras em que um ator convidado interpreta trechos de textos de um grande escritor da literatura brasileira da atualidade. Ontem, a Bidô Galvão, atriz brasiliense, foi quem interpretou os escritos do Carpinejar.

O Carpinejar é um gaúcho que já tem 16 livros, é colunista do Jornal Zero Hora, e cronista de mão cheia que vive tendo seus textos publicados por aí no site Vida Breve, n’O Globo e nas revistas VIP, Cláudia e Bravo!, entre outras. Ah, ele também é professor universitário. E segundo minha irmã, que me acompanhou ontem, ele é uma mistura de Quico – aquele do Chaves – com o Thunderbird – aquele ex-vj da MTV.

Ainda que tenha todo esse mercado de publicações, é notório que Fabrício Carpi Nejar  (que é o real nome dele), ganhou força, corpo e MAIS nome depois de criar sua conta no Twitter, onde tem mais de 100 mil seguidores e foi considerado, recentemente, uma das personalidades mais influentes da internet, segundo a Revista Época. Seu blog tem mais de 1 milhão e meio de visitas.

Por isso, do encontro de ontem trago “tweets” de Carpinejar. Frases, em até 140 caracteres, ditas dentro de todo o contexto do bate-papo, mas que serviriam muito bem para serem postadas soltas no microblog:

“Fazemos uma gincana da dor. Um tem sempre que sofrer mais que o outro pra ver quem ganha.”
“Escrevo pelo sofrimento rápido.”
“Fazemos muita solenidade para sofrer. Guardamos o choro para a noite.”
“Se chorarmos no momento em que temos que chorar o sofrimento passa mais rápido.”
“A grande dominação dos relacionamentos começa com quem arruma e guarda a roupa. Faço isso com prazer.”
“Discutir relação é bom. É uma forma de testar seus medos.”
“Você só briga com quem ama. Porque sabe que ela vai te perdoar.”
“A grande jogada é dar tempo para o outro. Perder tempo com o outro. Tempo é ternura.”
“A paixão é prisão de ventre. Tu não podes cagar. Imagina se o outro sabe que tu cagas. Acaba o relacionamento.”
“O amor começa na hora em que você diz: eu cago, desculpa. E o outro te aceita mesmo assim.”
“Mulher adora ser crise. O que ela não gosta é de enlouquecer sozinha.”
“A longevidade de um relacionamento amoroso vem da voz. A voz é tua memória. A voz não envelhece.”
“Ninguém está preparado para se emocionar.”
“Literatura é se assumir, se aceitar. Ser sincero é o mais importante ao escrever.”
“A gente se cansa olhando uma beleza, mas nunca se cansa olhando uma verdade.”
“A gente não sente saudade do outro. A gente sente saudade da gente com o outro. Do que somos com o outro.”
“A gente perde muito tempo inventando desculpas ao invés de ir aos encontros.”
“A gente vai amar não apenas quando sentir saudade, mas quando sentir nostalgia. E tem que sentir nostalgia com a pessoa ao teu lado.”


Depois da fala e da leitura dos textos o público pode fazer perguntas. Eu perguntei a ele sobre a relação dele com as redes sociais que trouxeram tanta notoriedade a ele. Ele brincou, fez piada comigo, me deu “oi” quatro vezes ( porque só o quarto “oi” é sincero, segundo ele). Disse que o twitter trouxe mais reconhecimento e que ele já tinha 14 livros quando abriu sua conta. Mas não me respondeu.

Na hora de autografar meu livro, brinquei dizendo que ele enrolou e não me deu resposta:
- É, a gente tem técnicas pra fugir de algumas coisas.
- Tá certo, faz parte do trabalho. Mas então você tem 140 caracteres para autografar meu livro.

“Para Paulo, amigo, essa brevidade de quem nunca assobiou. Beijo, Carpinejar. Brasília, 14/06/11.”

Obrigado, amigo. Você caga e eu te amo mesmo assim.

*Texto originalmente publicado no Drops Culturais