terça-feira, 7 de junho de 2011

Faixa de pedestres: o mito da educação*

Dia desses almocei com um amigo que fazia escala em Brasília. Ele estava acompanhado de outros três colegas de fora da cidade. Todos encantados com a parada que o taxista fez na faixa de pedestre ao avistar um passante. “O motorista de Brasília é muito educado, né? Para até na faixa de pedestres”, me disse um deles.


Eu, com tristeza, só pude responder: “Não é bem assim. Vou levá-los ao aeroporto e mostro a vocês que a faixa de pedestres é uma ilusão.” Todos acharam graça, mas perceberam que eu falava sério. No caminho do restaurante ao aeroporto mostrei a eles uma série de coisas que os motoristas de Brasília fazem errado e que jogam por terra a ilusória educação com a faixa.

O primeiro drama: velocidade. Tanto para os que correm demais, quanto para os que correm (?) de menos. Porque mais que recriminar quem anda a 80km/h no eixinho, eu recrimino quem anda a 40km/h.

Segundo problema: seta. Tem gente que não sabe que isso existe no veículo. Porque não é possível a pessoa não dar conta de sinalizar que vai fazer um retorno, vai mudar de faixa ou vai entrar na tesourinha. Facilita a vida dele e de todo mundo em volta.

Terceiro problema: falta de educação. Esse, na verdade, é o problema maior que engloba todos os demais. Os motoristas brasilienses não dão a vez a ninguém, furam fila, fazem fila dupla em estacionamentos, fecham uma faixa da via (que só tem duas) para fazer um retorno, furam sinal vermelho...

Quarto problema: a faixa de pedestres. Some todos os fatores acima e se imagine parando na faixa de pedestres. Eu confesso que paro de olho no retrovisor. Meu maior medo é parar na faixa e tomar uma porrada na traseira do carro. Já vi acontecer com várias pessoas.

No “passeio” com os turistas ainda me aconteceu de parar na faixa de pedestres numa entrequadra, mais à direita da pista, e o colegas viram o pedestre começar a atravessar e, antes de chegar ao fim do meu carro, um outro veículo passar à esquerda, sem nem se importar com o pedestre.

Acho que tive sucesso no meu argumento.

*Texto originalmente publicado na edição nº 3 da Revista Meiaum

2 comentários:

Ieda Campos Vilela disse...

O que me deixa LOUCA é não darem seta!!! Afe! Mas mesmo assim, acho que nosso transito é um dos menos piores do Brasil!

Paula Barros disse...

Enquanto lia, pensei que seria um ótimo texto a ser publicado. E que bom que foi.

Sabia que o blog Crônica da Cidade do Correio Braziliense está recebendo crônicas sobre Brasília?

Concordo com você. Aqui não é diferente, ou é, kkkk o pedestre não atravessa na faixa, e o motorista também não para. abraço