Estava saindo do Ceub, quando vi um cara entrando com um Labrador. Aquilo me chamou a atenção, primeiro por eu adorar cachorro, segundo porque é um tanto inusitado alguém com um cão lá dentro.
Aí quando prestei mais atenção, vi que era um cão-guia! Adoro! E parei pra prestar atenção no rapaz que estava com o cachorro. Ele perguntava pro guardinha do Ceub onde era o portão do colégio Maurício Salles de Melo.
O zé do guarda não sabia. Era só atravessar a rua. Para quem conhece o Ceub, eu estava no bloco da biblioteca, saindo naquele portão próximo da saída dos carros dos professores. Se o guarda olhasse para o outro lado ele lia o nome do colégio na fachada do prédio. Mas, enfim, eu me ofereci para ajudá-lo.
E o que acontece? O guarda vira para mim e diz: "Calma lá, rapá! Não é assim, não!" Olhou para o menino e perguntou: "Qual o carro que vem te buscar?" Como se eu fosse sequestrar o rapaz! Fiquei muito puto e disse: "O colégio é ali do outro lado. Só vou atravessar a rua com ele..."
O rapaz, que não era bobo, viu (sem trocadilhos infames) que era mais fácil eu ajudá-lo do que o guardinha e me disse: "Eu vou com você então, já que você se dispôs a me ajudar..." Achei o máximo! E lá fui eu atravessar a rua com ele.
Perguntei como faríamos, se ele queria pegar meu braço (normalmente os cegos andam assim com as pessoas). Aí ele disse que não. Que era só eu andar que o cão me seguiria. Achei mais legal ainda! Adoro cães, adoro labradores e esse ainda era guia! Muito legal!
Fiquei tão empolgado que perguntei o nome do cachorro. "Happy", me respondeu o menino. Depois me dei conta que nem tinha perguntado o nome dele. "Spencer", ele respondeu de novo. "Prazer, eu sou o Paulinho", disse. Ele me contou que estudava Direito lá no Ceub de manhã. E que tinha vindo à noite para estudar na biblioteca. Mas quem o leva e traz normalmente é o pai. E a mãe devia estar meio perdida.
Chegamos do outro lado da rua e eu já tinha aprendido como andar com um cão guia. Você tem que ir à frente, para ele poder te seguir sem atropelar o guiado. Porque se você vai, como eu estav indo, ao lado do cego, quando vc muda a direção eles acabam se batendo e consequentemente, batem em você também.
Lição aprendida, cadê a mãe do Spencer? Ela não estava na frente do Maurício Salles de Melo. Nem no estacionamento do colégio. Ele ligou para ela e pediu que ela falasse comigo. Conversamos e não nos entendíamos. Ela dizia que estava em frente ao portão do colégio. mas nós estávamos lá!
Até que ela resolveu sair de dentro do carro e procurar por nós. Ela não estava em frente ao Maurício Salles de Melo, mas sim de frente pro próprio Ceub, no estacionamento do colégio do Ceub. Aquele para as crianças entrarem... lá fomos nós (Spencer, Happy e eu) atravessar a rua de novo.
A mãe dele me cumprimentou e agradeceu. O Spencer também agradeceu. O Happy, que era minha maior empolgação nem me deu bola. Mas tudo bem, eu entendo. Ele é treinado para isso. Imagine se ele desse bola para todo mundo que mexesse com ele na rua. O Spencer não daria conta de andar.
Mas que ele poderia ter me agradecido com uma lambida, poderia. Poxa!
Um comentário:
ô menino carente!!! Tá cobrando ateh lambidinha do cachorro!!!!
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