Eu sempre quis fazer um post sobre as músicas que eu lembro de ouvir quando pequeno. Enrolei, enrolei, mas eis que ele surge. Quero, logo de cara, deixar claro que não são, necessariamente, músicas/artistas que ouço até hoje, apesar de que a maioria sim. Mas são coisas que me despertaram para a música. Músicas boas, outras ruins, mas que fizeram parte da minha formação.
A primeira que me lembro, é um forró. Não achei a capa do disco para ilustrar, mas me lembro de três sertanejos na capa - um com a sanfona, outro com o triângulo e o terceiro com qualquer outro instrumento que não recordo (provável de ser a zabumba) - em um cenário tipicamente nordestino. A música era: "Quebrar o coco".
Eu quero trepar num pé de coco
Eu quero me trepar pra tirar coco
Depois eu quero quebrar o coco
Pra sabe se coco é oco
Tem gente dizendo q eu sou louco
Por eu só falo em tirar coco
Realmente eu quero tirar o coco
Pra depois quebrar o coco
Pra saber se coco é oco
Tenho bem vivo na minha memória um dia na sala lá de casa em que minha mãe, com uma amiga, colocou o disco e ficamos ouvindo. E desde então eu nunca esqueci essa música.
Outra coisa que me marcou era o disco com a metade da cara. Lembro direitinho de pedir para minha mãe colocar o disco da "música da onda". "Aquele azul, mãe, com a metade da cara do homem."
Ela colocava no toca discos e vinha a melodia de "nada do que foi será.. de novo do jeito que já foi um dia..."
É claro que nós temos as nossas preferências, mas quando você é criança e não faz a menor idéia de como
colocar o LP no tocador, você acaba tendo que ouvir coisas que sua mãe gosta. E o Raimundo Fagner faz parte do rol das preferidas de mamãe.
E com esse disco, o mundo conheceu Borbulhas de Amor. E eu também. Conheci bem essa música. "Quem dera ser um peixe para em seu límpido aquário mergulhar..."
Antes, ou depois do Fagner - não me lembro ao certo, mas acho que foi bem antes - eu aprendi a usar o tocador de discos com um único (e bom) objetivo: ouvir Toquinho. O disco que temos (sim, ainda temos) é uma coletânea das melhores músicas. Aquarela, é claro, está entre elas. Mas também tem O Caderno, Tarde em Itapoã e o Barquinho.
Então, com a descoberta do manejo do tocador de discos, comecei a experimentar outras coisas que encontrava entre os LP's. Foi aí que descobri uma paixão: Bora Bora - Os Paralamas do
Sucesso. Sim, os Paralamas entraram como um furacão na minha vida e vivem nela até hoje.
Lembro que na época não tinha nenhum conhecimento de música e não via naquilo algo rock'n roll. Era, para mim, algo brasileiro. Não sabia definir de outra maneira.
A TV sempre exerceu e vai continuar exercendo influência sobre nós. E ali, por meados de 92 (se não me falha a memória), Uma novela foi febre nacional.
A vampira Natasha, vivida por Cláudia Ohana era a estrela de Vamp. Mas além da novela, Vamp tinha uma trilha sonora igualmente boa. Como qualquer trilha, os gêneros variavam muito.
Tinha desde "Calada noite preta", da abertura da novela, passando por Elba Ramalho e Cláudio Zoli com "Felicidade Urgente" até a própria Cláudia Ohana com uma versão de "Simpathy for the Devil". Lembro que tínhamos lá em casa o K7 da trilha. Tocava sem parar no toca fitas do Escort L da minha mãe.
E com a idade, vem suas vontades. Outros três CD's que me marcaram foram Vamo Batê Lata, dos Paralamas; Titãs Acústico; e Eu e Memê, Memê e eu, Do Lulu Santos.
Os três, cada um ao seu estilo, marcaram por músicas, momentos, histórias... Enfim, coisas que a vida nos traz acompanhadas por muita sonoridade.