Te digo que sou um cara muito urbano. Esse negócio de mato, acampamento, barraca e qualquer outro lugar que não tenha um cheirinho de asfalto e um mínimo de estrutura não combina nada comigo. Ainda assim, me desarmo desse tipo de pensamento quando vou a um lugar como os Lençóis Maranhenses. Afinal, a beleza da natureza é algo a se admirar. Mas eu nunca vou aprender a gostar desse tipo de lugar.
Lagoa Azul: beleza, mas 5 minutos bastam
Vou dizer a minha verdade sobre o local: um monte de areia, com umas lagoas bonitas. Dez minutos lá já me bastavam. Podia ter economizado meu tempo. É bonito? Sim, é lindo. Mas para ver e saber que é bonito, basta uns cinco segundos, certo? Ou alguém olha para a Scarlett Johansson e fica em dúvida se ela é bonita ou não e precisa de mais umas duas horas de admiração pra ter certeza?Não. Você bate o olho e pronto, resolvido o problema. É linda! Aí, no caso dos Lençóis, mais uns minutinhos pra você entrar na água, nadar na lagoa, tirar umas fotos bacanas e pronto. Dez, quinze minutos são suficientes. Já com a Scarlett Johansson ia precisar de muitas horas para me divertir...
Nessa lagoa eu nadava por horas e horas
Pois bem, digo isso porque quem nunca foi lá e só vê as belas imagens que a novela da globo mostra não sabe o trabalho que dá pra chegar no esquema. Primeiro, saímos de São Luís para Barreirinhas, cerca de 280 Km de distância da Capital. A pequenina cidade é a "sede" dos Lençóis. De lá é que saem os carros que nos levam até a beleza natural maranhense.
O trajeto até as dunas é dureza. São 12 Km na caçamba de uma Toyota 4x4 balançando mais que boneco de posto em ventania. O caminho é todo pela areia, com trechos meio pantanosos e outros totalmente secos. Tem um ponto em que o guia vira para a galera e diz: "Se alguém quiser comprar água ou comida, é agora. Daqui pra frente não tem mais nada". E é a partir daí que começa o balancê. Some a isso o almoço ingerido poucas horas antes e imagine o resultado.
Depois dos 12km de balanço na caçamba chegamos na beirada dos 17 mil Km² de dunas. É a extensão aproximada dos Lençóis. Areia pra burro, né não? Subimos o primeiro morro e já damos de cara com a primeira lagoa. Com calor e enjoado você já se imagina nadando naquela água. Nesse momento, você chega a acreditar que tudo aquilo valeu a pena. Aí o João, nosso guia de 16 anos, diz: "Não vamos entrar aqui não. Vamos andar mais. Ali na frente tem a Lagoa Azul, a maior e mais bonita das lagoas dos lençóis". E seu ânimo afunda, como seu pé na areia quente.
A caminhada nem é tão longa (ou eu é que já estava me preparando para o pior) e você já se depara com a famosa Lagoa Azul. Tchibum na água! Água boa, temperatura agradável, você se refresca, fica encantado com a transparência da água, tenta pegar os peixinhos/girinos que vem beliscar suas pernas e... e aí? "Se quiser ir ver outras lagoas, a mais próxima está a uns 30 minutos de caminhada daqui", diz João. Trinta minutos de caminhada pela areia fofa e quente? Não, obrigado. Ficamos aqui.
Aí é a hora em que você tenta bater fotos e percebe que sua máquina está sem bateria. Ótimo, né? Bate as fotos que consegue, bebe uma água (que você comprou, lá no último ponto, geladinha e agora está morna) e bate um papo com o João.
Pra quem conseguiu bater só 10 fotos, essa está de bom tamanho, né?
Perguntei quanto ele ganhava com o trabalho. São R$ 20 para ele e R$ 30 para o motorista por cada viagem. A média é de 5 viagens por semana. "Quem ganha dinheiro mesmo é o dono da empresa", disse João. Pura verdade, visto que eu paguei R$ 40 pelo passeio e tive a companhia de mais 6 pessoas no mesmo carro. Ou seja, 6x40 = 240. 20 pro João, 30 pro motora e 190 pro dono. Belo negócio.
Perguntei sobre a formação das lagoas. Disse ele que é tudo água da chuva que se acumula. E por que umas secam e outras não? Ele não soube dizer. E se é água da chuva, como tem peixe ali? Chove peixe também? Aí ele contou que tem um pássaro que voa muito pela região. É o tal do Martin Pescador. Diz a lenda que o Martin pescador enfia o bico na água (do mar) para pescar o peixão, e acaba trazendo os peixinhos junto. Depois, quando pára para (reforma ortográfica inútil) beber água os peixinhos saem do bico e ficam na lagoa.
Eu ainda tive outros questionamentos, mas achei melhor deixar pra lá. Quer exemplos? Como o peixe sobrevive na boca do pássaro? O Martin pescou o peixe no mar (água salgada) e agora ele tá na água doce. Normal sobreviver? Darwin explica? Além disso, eu não vi um pássarinho sequer durante o tempo que passei lá.
Pois bem, o tempo passa, o sol começa a ameaçar ir embora e a galera resolve sentar no alto da duna para apreciar o momento. Enfim, uma coisa legal! Mas aí vem a nuvem má e tampa todo o céu, nada de pôr do sol. De volta para a Toyota. De volta para os 12 Km de sacolejo. E já que foi Deus quem criou tudo aquilo, que ele nos proteja na volta porque acho que o peixe do almoço ainda está por aqui, que nem o da lagoa fica no Martin Pescador.
4 comentários:
hauahauhauahuah
seu figura!!
ri demais lembrando da vez em que fui. vc tem razão em várias coisas!!
mas, enfim, é bonito pra caralho. vale conhecer, sim!!
e tb, ressalto, eu estava chumbado de alcool o passeio todo.
eu, toty e dandan levamos uma caixa pesada cheio de skol. foi o passeio inteiro...
dai ja viu, ne?
porra, cara, os lencois sao fantasticos. é do mesmo principio da praia, da cachoeira, do rio e da scarlett: curtir cada espacinho daquele como se fora seu...melhor do que o transito nas tesourinhas, ne nao?
ahaha
abs
rsrsr eu achei horrível chegar lá. Gostaria de fazer o passeio sobrevoando. O bom foi a pousada em Barreirinhas.
Se chegasse lá no bico de um pássaro rsrs bem que ficaria uma semana. Adoro lugares assim.
beijo
E depois quem viaja muito sou eu. Bueno Aires não conheço. Já está ganhando de mim.
Já que demorou tanto pra vc chegar, pq não curte por mais tempo? estava com pressa???? Vale a pena ficar mais de 10, 15 minutos sim. Ainda mais que vc não vai querer voltar lá tão cedo.
beijinhos,
Ana Luiza
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