- Sim, sabia.
- Como assim, "sabia"?
- Ué... sabendo. Desde o dia que você resolveu ir embora eu já sabia que você ia sentir minha falta. Tava escrito na sua cara quando você disse "obrigado por tudo, mas tenho que ir".
- E por que você me deixou ir embora?
- Queria que eu fizesse o quê? Te amarrasse no pé da cama?
- Me segurava! Me beijava! Dizia que eu ia sentir sua falta...
- Você estava decidida. Mala feita. Até as roupas do varal tu tinha recolhido. Não ia te impedir de fazer algo que tivesse tanta certeza. Eu sou, antes de tudo, um liberal.
- Liberal? Você é um idiota! Agora to eu aqui, te dizendo que morro de saudades e você, com a maior naturalidade, vem me dizer que já sabia que isso iria acontecer. É o fim!
- Não. O fim foi quando você saiu lá de casa. Agora não é mais nada, além de uma constatação lógica.
...
- Você achou mesmo, por algum minuto, que iria embora e não sentiria minha falta?
- Achei.
- E eu que sou idiota?
- Não. Eu que fui. Mas o que eu posso fazer agora?
- Não sei. Talvez você possa botar o vestido vermelho que usava quando nos conhecemos. Você brilhava aquele dia. Talvez você descalce seus pés e passeie novamente pelo jardim lá de casa, como gostava de fazer naquele tempo. Talvez você ligue a água e encha a banheira para tomarmos banho juntos. Tem tantos talvez nessa lista...
- Você também sente minha falta?
- Não tá claro pra você?
3 comentários:
Tem gente que demora a entender, não só na ficção.
bom final de semana!
Alma feminina!!!!
Alma feminina! :)
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